ela resolveu que deveria começar a regar a planta.
Na verdade, planta ainda não era – mas viria a ser.
As sementes ela mesma semeara, embora tivesse escolhido não saber o que delas poderia brotar:
A expectativa a encorajava.
Quando regava a terra, sentia-se menos infeliz: era como se uma outra vida dependesse da sua, então era necessário viver.
Sentia-se também mais forte: tinha o poder de decidir sobre aquela outra vida.
Podia matá-la se quisesse.
Mas aquele pensamento era mórbido demais para ela, então logo o abstraía.
Preferia sonhar com o primeiro broto – resultado de seu incansável trabalho.
O dia deste nascimento viria a ser ensolarado, de um calor que aquece o coração - como o são todos os dias de aleluia.
Depois ela cuidaria da planta, porque mesmo as coisas já crescidas precisam de atenção e afeto.
Não importava o que viria a ser a planta – se uma bela flor, se planta carnívora ou hortaliça – ela mesma não sabia bem diferenciar plantas.
O importante é que seriam as duas, ela e a planta, a cuidar uma da outra – só não se sabe ao certo quem é que dependeria mais de quem.
Mas agora, o jeito era esperar.
2 comentários:
"mesmo as coisas já crescidas precisam de atenção e afeto". Açúcar e afeto.
como diria o Gil: é isso ai...
ê menina pra escrever bem...
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