lembrança boa é essa assim
que surge de repente, sem dar aviso
e faz a gente rir sozinho -
quando menos se espera
está mostrando os dentes pro nada
e, ao mesmo tempo, pra tudo.
porque é esse tipo de coisa
que faz a gente lembrar o quanto viver vale a pena.
o que se perde enquanto os olhos piscam*
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
domingo, 28 de novembro de 2010
Impossível continuar a caminhar assim,
De olhos vendados,
Tateando paredes invisíveis,
Pisando em um chão –
Construído por mim, mas com a sua ajuda –
Que se desfaz ao toque dos meus pés.
Porque chega uma hora em que permanecer na mesma trilha
É retroceder
E dá um medo danado de, quando a estrada chegar ao fim,
não perceber que esse fim chegou
E despencar lá do alto
E se estatelar no chão –
Esse sim, bem sólido.
Mas é que quando a gente passa a enxergar,
Percebe que tudo são cacos.
De olhos vendados,
Tateando paredes invisíveis,
Pisando em um chão –
Construído por mim, mas com a sua ajuda –
Que se desfaz ao toque dos meus pés.
Porque chega uma hora em que permanecer na mesma trilha
É retroceder
E dá um medo danado de, quando a estrada chegar ao fim,
não perceber que esse fim chegou
E despencar lá do alto
E se estatelar no chão –
Esse sim, bem sólido.
Mas é que quando a gente passa a enxergar,
Percebe que tudo são cacos.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
É que a gente perde muito tempo procurando a verdade do lado de fora, quando todas as respostas que precisamos se encontram dentro de nós mesmos.
Mas o fato é que, na maior parte das vezes, precisamos que alguém (ou alguma coisa) de fora da ilha nos alerte pra isso – seja com um toque amigável no ombro, ou com uma martelada no dedão do pé.
Mas o fato é que, na maior parte das vezes, precisamos que alguém (ou alguma coisa) de fora da ilha nos alerte pra isso – seja com um toque amigável no ombro, ou com uma martelada no dedão do pé.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
domingo, 24 de outubro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
A revolução é individual.
A gente se esquece de que grandes revoluções sempre começam assim: alguém percebe que tem algo errado, daí se manifesta. Um outro alguém ouve, pensa e se dá conta de que aquela pessoa tem razão, então une sua voz à dela. Assim as idéias vão contagiando e se transmitindo. Quanto maior o coro, maior a repercussão.
Todo mundo sabe que existe a fome, o aquecimento global, a devastação da Amazônia, os impactos ambientais, a violência, a dor. Todo mundo sabe também que tudo isso vem crescendo cada dia mais.
A questão é: pensamos no quanto de participação temos nisso tudo?
E, se pensamos, o que fazemos pra mudar isso?
É sempre mais fácil fingir que não vê, ou acreditar que, se o mundo está cada vez mais inabitável, a culpa não é nossa. Assim como também é muito fácil fazer esse discurso politicamente correto que, aliás, já é bem clichê, e permanecer encolhido em sua própria bolha.
A gente vive se gabando por ser humano, racional, cheio de esperteza, estilo e atitude. E eu falo por mim mesma e por você e por todo mundo – porque não existe alguém que se ache tão medíocre a ponto de nunca ter se vangloriado por um feito ou nunca ter tido um momento de narciso.
Daí, eu me pergunto: será mesmo que nós somos racionais ou vivemos repetindo hábitos e vícios que existem desde o homem das cavernas?
Será que a gente pára pra pensar na origem do que comemos, vestimos, pensamos, e propagamos através da fala, dos gestos, ou nos deixamos levar pelo que querem (mesmo que não digam) que a gente use, pense, pelo modo como querem que a gente aja?
Nos achamos muito cheios de personalidade e não enxergamos o quanto somos manipulados. E eu não falo de ser influenciado pela opinião de um colega, da família, ou pela política. Esses também contam, claro – mas eu falo, principalmente, de costumes que se estendem por gerações e que repetimos sem nos perguntarmos o porquê.
Sabe aquelas imagens da época do nazismo que impressionam mesmo quem tem apenas dois neurônios e 1% do coração? Elas estão presentes em nosso dia-a-dia, por mais que a gente teime em não enxergar – a dor é a mesma, só mudam os instrumentos e a vítima, mas o opressor é o mesmo: o homem.
Eu falo por mim: hoje eu vejo o mundo diferente e tento reconhecer o quanto contribuo, seja positiva ou negativamente, para seu panorama atual.
Não quero ser explícita (até mesmo porque se eu o fosse, teria que mudar o nome do blog) – minha intenção aqui não é convencer: é incomodar.
Tipo quando uma farpa entra no seu dedo e não tem ninguém por perto pra te ajudar a arrancá-la – você tem que dar ser próprio jeito, senão ela vai continuar a doer.
O problema é que essa farpa da qual eu me refiro não vai sair sozinha em uma bela manhã ensolarada por uma reação natural do seu corpo se você não tiver coragem de cutucá-la.
O que falta é cada um se dar conta de quanto do seu próprio corpo e dos seus pensamentos e atos pertencem a si mesmo.
Sempre que fazemos algo bacana é porque somos seres racionais, óbvio. Agora, se fazemos alguma coisa que não é tão boa, a culpa é sempre do danado do instinto.
Será mesmo?
Até quando vamos engolir e regurgitar essa desculpa esfarrapada de que ‘a carne é fraca’?
domingo, 12 de setembro de 2010
A menina da janela cantava.
Mas era um canto diferente: ao invés de notas musicais, emitia matizes de luz. Sem som: cores.
Ah, e como era bonito!
Todos os dias ela cantava, incessantemente.
Muitos paravam ao passar em frente a sua janela para admirar seu canto-cor: ficavam hipnotizados.
Com o tempo, porém, as cores da menina começaram a incomodar – tem gente que tem mania de ver as coisas em preto e branco (eventualmente, também em tons de cinza). As cores, portanto, incomodavam os olhos destes – era muita informação para seus mundos bicolores.
Proibiram, então, a menina de cantar.
Nos primeiros dias, tudo ficou cinza.
A menina suspirava, suspirava.
Destes suspiros, que não eram nada doces, nasceram nuvens, as quais tomaram conta do céu. Este, por sua vez, foi ficando branquinho como algodão – (mas branco podia).
Ela não estava satisfeita.
De seus olhos, saltaram lágrimas.
Como ela morava no ponto mais alto da aldeia, suas lágrimas, que pareciam intermináveis, foram confundidas com chuva.
Assim, se passaram mais alguns dias.
A menina estava tão triste, mas tão triste, que as pessoas se apiedaram dela.
Acabaram pedindo aos homens-que-viam-tudo-em-preto-e-branco (e, às vezes, cinza) para que permitissem que a menina voltasse a cantar.
Resolveram, então, fazer um trato com a menina-do-canto-de-cor: ela podia cantar, mas só em alguns tons e em momentos previamente estabelecidos.
De manhãzinha, um canto alaranjado, mais fraquinho, que se tornaria amarelado mais depois. Essas cores alegrariam as pessoas e as deixariam mais dispostas para cumprir com suas obrigações na aldeia.
O trato era que, vez ou outra, ela deixasse os dias cinza. Nesses dias, ela chorava e bufava emburrada, fazendo vento.
À tarde, o amarelo se desmembraria em um doce cor-de-rosa (era a hora do dia, aliás, que ela mais gostava) – era a hora das pessoas voltarem para suas casas, descansarem.
À noite, tudo era azul-cor-de-breu.
Foi mais ou menos assim que surgiram o dia, a tarde, e a noite.
A madrugada era coisa de gente que sonhava ou pensava demais e, por isso, acabava perdendo o sono. Dessa forma, a cor vista pelos insones variava, dependendo muito do humor de cada um. Nessa hora, a menina descansava e deixava a cor a cargo da imaginação deles: podia ser de um cinza-sem-sal pr’aqueles que pensavam “mal dormi e já é quase hora de acordar! Terei um péssimo dia”; ou podia ser de um quase-azul-cor-de-esperança pra quem olhava sua cara amassada no espelho e dizia em alto em bom som pra si mesmo “amanhã será um dia melhor”.
Todos ficaram contentes.
A menina, entretanto, às vezes, coloria o céu com matizes variantes. Em outras, também brincava de emitir vários tons de uma só vez – assim surgiu o arco-íris.
Dizem que ela até hoje brinca de mesclar tons e soltar seu canto, mesmo sabendo que muitos, acostumados com o mundo em preto-e-branco, não reparam em seus experimentos.
Ela sempre soube que, em algum lugar, ou em vários lugares, tinha gente que sonhava em cores, como ela.
Mas era um canto diferente: ao invés de notas musicais, emitia matizes de luz. Sem som: cores.
Ah, e como era bonito!
Todos os dias ela cantava, incessantemente.
Muitos paravam ao passar em frente a sua janela para admirar seu canto-cor: ficavam hipnotizados.
Com o tempo, porém, as cores da menina começaram a incomodar – tem gente que tem mania de ver as coisas em preto e branco (eventualmente, também em tons de cinza). As cores, portanto, incomodavam os olhos destes – era muita informação para seus mundos bicolores.
Proibiram, então, a menina de cantar.
Nos primeiros dias, tudo ficou cinza.
A menina suspirava, suspirava.
Destes suspiros, que não eram nada doces, nasceram nuvens, as quais tomaram conta do céu. Este, por sua vez, foi ficando branquinho como algodão – (mas branco podia).
Ela não estava satisfeita.
De seus olhos, saltaram lágrimas.
Como ela morava no ponto mais alto da aldeia, suas lágrimas, que pareciam intermináveis, foram confundidas com chuva.
Assim, se passaram mais alguns dias.
A menina estava tão triste, mas tão triste, que as pessoas se apiedaram dela.
Acabaram pedindo aos homens-que-viam-tudo-em-preto-e-branco (e, às vezes, cinza) para que permitissem que a menina voltasse a cantar.
Resolveram, então, fazer um trato com a menina-do-canto-de-cor: ela podia cantar, mas só em alguns tons e em momentos previamente estabelecidos.
De manhãzinha, um canto alaranjado, mais fraquinho, que se tornaria amarelado mais depois. Essas cores alegrariam as pessoas e as deixariam mais dispostas para cumprir com suas obrigações na aldeia.
O trato era que, vez ou outra, ela deixasse os dias cinza. Nesses dias, ela chorava e bufava emburrada, fazendo vento.
À tarde, o amarelo se desmembraria em um doce cor-de-rosa (era a hora do dia, aliás, que ela mais gostava) – era a hora das pessoas voltarem para suas casas, descansarem.
À noite, tudo era azul-cor-de-breu.
Foi mais ou menos assim que surgiram o dia, a tarde, e a noite.
A madrugada era coisa de gente que sonhava ou pensava demais e, por isso, acabava perdendo o sono. Dessa forma, a cor vista pelos insones variava, dependendo muito do humor de cada um. Nessa hora, a menina descansava e deixava a cor a cargo da imaginação deles: podia ser de um cinza-sem-sal pr’aqueles que pensavam “mal dormi e já é quase hora de acordar! Terei um péssimo dia”; ou podia ser de um quase-azul-cor-de-esperança pra quem olhava sua cara amassada no espelho e dizia em alto em bom som pra si mesmo “amanhã será um dia melhor”.
Todos ficaram contentes.
A menina, entretanto, às vezes, coloria o céu com matizes variantes. Em outras, também brincava de emitir vários tons de uma só vez – assim surgiu o arco-íris.
Dizem que ela até hoje brinca de mesclar tons e soltar seu canto, mesmo sabendo que muitos, acostumados com o mundo em preto-e-branco, não reparam em seus experimentos.
Ela sempre soube que, em algum lugar, ou em vários lugares, tinha gente que sonhava em cores, como ela.
sábado, 4 de setembro de 2010
ela era medo
era coragem também.
Não tinha pena de si
Dó só se for de nota musical –
Música que leva, conduz, move.
Em cada ato, um passo.
Em cada cena, algo novo.
O novo – sempre inesperado.
Tem também a cor
Ou melhor, as cores.
Em cada gesto,
Sequestro.
Me mostro:
Choro, rio,
Contrario,
Digo mesmo,
Pronto!
Só-rio!
Rio de mim mesma
Rio pra vida
Rio pra mim.
Rio de água doce!
Purifica e engrandece
Rio, às vezes, transbordante
Vez em quando, raro
- mas rio, sempre
Presente.
Águas passadas,
Águas vindas
Águas que em mim fluem.
Sequestro cores,
Guardo momentos,
Coleciono nuvens.
Também fotografo
(mentalmente, é claro –
Porque assim o filme nunca acaba)
Sorrisos, olhares,
Tiques e chiliques,
Mãos dadas, brindes,
Flashes – diurnos e noturnos,
Atemporais.
Ah é: fotografo sentimentos também.
E quem diz ser impossível
Não tem uma boa câmera.
Troco sustos, por suspiros –
Sejam estes apaixonados ou doces.
Ou, os dois.
Gosto, sim:
Gosto do bom gosto
E do mau gosto também.
Não é que tudo dependa do ponto de vista,
Mas sim do paladar.
E tem mais:
Não me explico,
Nem suplico,
Nem aplico,
Nem salpico –
Às vezes, complico
E só.
Não intencionalmente, claro.
É instintivo, acho eu,
Da natureza de ser gente.
Sei que vivo
E feliz!
(não o tempo todo –
Não quero me acostumar com a felicidade:
O bom é ser feliz aos pouquinhos
(ou aos muitos),
Mas não sempre –
Felicidade boa é de repente!)
Ocasionalmente, me coloco em julgamento:
Sou ré, juíza, advogada, inquiridora
(o bom é que posso fazer sempre aquelas perguntas que eu gostaria e nunca ninguém faz –
O ruim é que a resposta nem sempre é aquela que eu gostaria de ouvir)
Me culpo e me inocento –
Ah, deixa errar!
Cicatrizes são tão charmosas mesmo...
Ah, e eu brinco também!
E como!
(ah sim, como de comida também)
Resumindo: tenho prazer em ter prazer.
Amo muito,
Exagero mesmo,
Sou o que penso, o que como,
O que falo, o que amo, o que desejo,
O que faço,
Sou o que sonho.
Derramo lágrimas com a mesma facilidade com que rio.
Rio que sabe de onde vem e pra onde vai –
Não importa se sofrerá desvios,
Se enfrentará grandes quedas de cachoeiras.
Importa, sim, com quais peixes fará sua viagem
Importa quais maravilhas descobrirá em suas próprias profundezas
Importa os meios que encontrará para seguir seu caminho
Porque, afinal, seu destino é um só
E já o sabe sem esforço:
Encontrar a imensidão do mar.
era coragem também.
Não tinha pena de si
Dó só se for de nota musical –
Música que leva, conduz, move.
Em cada ato, um passo.
Em cada cena, algo novo.
O novo – sempre inesperado.
Tem também a cor
Ou melhor, as cores.
Em cada gesto,
Sequestro.
Me mostro:
Choro, rio,
Contrario,
Digo mesmo,
Pronto!
Só-rio!
Rio de mim mesma
Rio pra vida
Rio pra mim.
Rio de água doce!
Purifica e engrandece
Rio, às vezes, transbordante
Vez em quando, raro
- mas rio, sempre
Presente.
Águas passadas,
Águas vindas
Águas que em mim fluem.
Sequestro cores,
Guardo momentos,
Coleciono nuvens.
Também fotografo
(mentalmente, é claro –
Porque assim o filme nunca acaba)
Sorrisos, olhares,
Tiques e chiliques,
Mãos dadas, brindes,
Flashes – diurnos e noturnos,
Atemporais.
Ah é: fotografo sentimentos também.
E quem diz ser impossível
Não tem uma boa câmera.
Troco sustos, por suspiros –
Sejam estes apaixonados ou doces.
Ou, os dois.
Gosto, sim:
Gosto do bom gosto
E do mau gosto também.
Não é que tudo dependa do ponto de vista,
Mas sim do paladar.
E tem mais:
Não me explico,
Nem suplico,
Nem aplico,
Nem salpico –
Às vezes, complico
E só.
Não intencionalmente, claro.
É instintivo, acho eu,
Da natureza de ser gente.
Sei que vivo
E feliz!
(não o tempo todo –
Não quero me acostumar com a felicidade:
O bom é ser feliz aos pouquinhos
(ou aos muitos),
Mas não sempre –
Felicidade boa é de repente!)
Ocasionalmente, me coloco em julgamento:
Sou ré, juíza, advogada, inquiridora
(o bom é que posso fazer sempre aquelas perguntas que eu gostaria e nunca ninguém faz –
O ruim é que a resposta nem sempre é aquela que eu gostaria de ouvir)
Me culpo e me inocento –
Ah, deixa errar!
Cicatrizes são tão charmosas mesmo...
Ah, e eu brinco também!
E como!
(ah sim, como de comida também)
Resumindo: tenho prazer em ter prazer.
Amo muito,
Exagero mesmo,
Sou o que penso, o que como,
O que falo, o que amo, o que desejo,
O que faço,
Sou o que sonho.
Derramo lágrimas com a mesma facilidade com que rio.
Rio que sabe de onde vem e pra onde vai –
Não importa se sofrerá desvios,
Se enfrentará grandes quedas de cachoeiras.
Importa, sim, com quais peixes fará sua viagem
Importa quais maravilhas descobrirá em suas próprias profundezas
Importa os meios que encontrará para seguir seu caminho
Porque, afinal, seu destino é um só
E já o sabe sem esforço:
Encontrar a imensidão do mar.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Não, já não é mais tudo cinza.
aos poucos, uma pequena luz amarela aparece, assim como uma criança, tímida, temendo pelo porvir, mas com uma curiosidade maior que o medo, se esgueirando devagarzinho pela fresta de uma enorme porta.
vejo seus olhos brilhantes, receosos, mas ao mesmo tempo ansiosos pelo surpreendente, pelo inesperado.
ou talvez, esperado.
Sim, aquele presente desejado por tanto tempo.
provavelmente, por mais tempo que possa ela mesma imaginar.
o inesperado a espera.
a luz toma um tom alaranjado.
conforme vai abrindo a porta, vai sentindo o vento.
uma leve brisa acaricia seu rosto.
a menina fecha os olhos para sentir melhor. Para ver melhor as cores.
seu corpo fica mais leve, sua mente também.
sensação boa essa (de sentir o vento soprar segredos ao pé do ouvido).
a menina sente cada vez mais vontade de avançar porta adentro
(ou seria afora?)
e encarar todas as próximas surpresas.
seu andar é mais confiante agora,
seu passo é mais firme.
a menina anda com leveza, apesar de ironicamente carregar uma pesada mochila nas costas.
ela leva na mochila tudo que lhe foi dado,
tudo que ela mesma adquiriu,
tudo que deu,
e até mesmo pequenas coisas que roubou.
(é, às vezes, ela não resistia em roubar um bocadinho da atenção dos outros).
embora pareça tão ingênua e tão...menina, essa pequena garotinha já aprendeu muito.
já tropeçou muito também.
em incontáveis vezes também caiu e chorou.
mas em todas, se levantou.
e ela deve muito aos poucos que lhe deram a mão e a impulsionaram a seguir,
mesmo quando não tinha mais vontade.
apesar de tudo, seus olhos sempre voltaram a brilhar.
exatamente como agora:
a porta escancarada, a menina a observar.
não é possível enxergar muita coisa, afinal, quem é capaz de ver o que está por vir?
mas, na verdade, não importa.
a menina está preparada e seus olhos brilham mais do que nunca:
quer, acima de tudo, aprender.
a menina é apenas mais uma mochileira caminhando pela estrada da vida -
o caminho nunca será longo demais para suas pernas, sua mente, seu coração e seu riso.
Na sua mochila, sempre haverá
mais espaço.
aos poucos, uma pequena luz amarela aparece, assim como uma criança, tímida, temendo pelo porvir, mas com uma curiosidade maior que o medo, se esgueirando devagarzinho pela fresta de uma enorme porta.
vejo seus olhos brilhantes, receosos, mas ao mesmo tempo ansiosos pelo surpreendente, pelo inesperado.
ou talvez, esperado.
Sim, aquele presente desejado por tanto tempo.
provavelmente, por mais tempo que possa ela mesma imaginar.
o inesperado a espera.
a luz toma um tom alaranjado.
conforme vai abrindo a porta, vai sentindo o vento.
uma leve brisa acaricia seu rosto.
a menina fecha os olhos para sentir melhor. Para ver melhor as cores.
seu corpo fica mais leve, sua mente também.
sensação boa essa (de sentir o vento soprar segredos ao pé do ouvido).
a menina sente cada vez mais vontade de avançar porta adentro
(ou seria afora?)
e encarar todas as próximas surpresas.
seu andar é mais confiante agora,
seu passo é mais firme.
a menina anda com leveza, apesar de ironicamente carregar uma pesada mochila nas costas.
ela leva na mochila tudo que lhe foi dado,
tudo que ela mesma adquiriu,
tudo que deu,
e até mesmo pequenas coisas que roubou.
(é, às vezes, ela não resistia em roubar um bocadinho da atenção dos outros).
embora pareça tão ingênua e tão...menina, essa pequena garotinha já aprendeu muito.
já tropeçou muito também.
em incontáveis vezes também caiu e chorou.
mas em todas, se levantou.
e ela deve muito aos poucos que lhe deram a mão e a impulsionaram a seguir,
mesmo quando não tinha mais vontade.
apesar de tudo, seus olhos sempre voltaram a brilhar.
exatamente como agora:
a porta escancarada, a menina a observar.
não é possível enxergar muita coisa, afinal, quem é capaz de ver o que está por vir?
mas, na verdade, não importa.
a menina está preparada e seus olhos brilham mais do que nunca:
quer, acima de tudo, aprender.
a menina é apenas mais uma mochileira caminhando pela estrada da vida -
o caminho nunca será longo demais para suas pernas, sua mente, seu coração e seu riso.
Na sua mochila, sempre haverá
mais espaço.
breve explicação
os textos deste blog não seguirão uma linha cronológica pré-estabelecida: podem tanto ser recém-paridos, quanto resgatados do fundo de uma gaveta que, por algum motivo, achei por bem desempoeirar. Em ambos os casos, porém, nasceram de uma mesma alma, paradoxalmente múltipla, que faz das palavras um meio de libertar a si mesma.
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