o que se perde enquanto os olhos piscam*

sábado, 4 de setembro de 2010

ela era medo
era coragem também.
Não tinha pena de si
Dó só se for de nota musical –
Música que leva, conduz, move.

Em cada ato, um passo.
Em cada cena, algo novo.
O novo – sempre inesperado.

Tem também a cor
Ou melhor, as cores.
Em cada gesto,
Sequestro.

Me mostro:
Choro, rio,
Contrario,
Digo mesmo,
Pronto!

Só-rio!
Rio de mim mesma
Rio pra vida
Rio pra mim.

Rio de água doce!
Purifica e engrandece
Rio, às vezes, transbordante
Vez em quando, raro
- mas rio, sempre
Presente.

Águas passadas,
Águas vindas
Águas que em mim fluem.

Sequestro cores,
Guardo momentos,
Coleciono nuvens.

Também fotografo
(mentalmente, é claro –
Porque assim o filme nunca acaba)
Sorrisos, olhares,
Tiques e chiliques,
Mãos dadas, brindes,
Flashes – diurnos e noturnos,
Atemporais.

Ah é: fotografo sentimentos também.
E quem diz ser impossível
Não tem uma boa câmera.

Troco sustos, por suspiros –
Sejam estes apaixonados ou doces.
Ou, os dois.

Gosto, sim:
Gosto do bom gosto
E do mau gosto também.
Não é que tudo dependa do ponto de vista,
Mas sim do paladar.

E tem mais:
Não me explico,
Nem suplico,
Nem aplico,
Nem salpico –
Às vezes, complico
E só.

Não intencionalmente, claro.
É instintivo, acho eu,
Da natureza de ser gente.

Sei que vivo
E feliz!
(não o tempo todo –
Não quero me acostumar com a felicidade:
O bom é ser feliz aos pouquinhos
(ou aos muitos),
Mas não sempre –
Felicidade boa é de repente!)

Ocasionalmente, me coloco em julgamento:
Sou ré, juíza, advogada, inquiridora
(o bom é que posso fazer sempre aquelas perguntas que eu gostaria e nunca ninguém faz –
O ruim é que a resposta nem sempre é aquela que eu gostaria de ouvir)
Me culpo e me inocento –
Ah, deixa errar!
Cicatrizes são tão charmosas mesmo...

Ah, e eu brinco também!
E como!
(ah sim, como de comida também)
Resumindo: tenho prazer em ter prazer.

Amo muito,
Exagero mesmo,
Sou o que penso, o que como,
O que falo, o que amo, o que desejo,
O que faço,
Sou o que sonho.

Derramo lágrimas com a mesma facilidade com que rio.
Rio que sabe de onde vem e pra onde vai –
Não importa se sofrerá desvios,
Se enfrentará grandes quedas de cachoeiras.
Importa, sim, com quais peixes fará sua viagem
Importa quais maravilhas descobrirá em suas próprias profundezas
Importa os meios que encontrará para seguir seu caminho
Porque, afinal, seu destino é um só
E já o sabe sem esforço:
Encontrar a imensidão do mar.

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